sexta-feira, 31 de outubro de 2008

CUFA PE - É UTILIDADE PUBLICA

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Sexta-feira, 3 de Outubro de 2008

Crônica do servidor
A nova tendência de moda para os próximos anos
Um pot-pourri de situações
Parece que a classe média lançou uma nova moda para as universidades. Como a tendência de se fazer programas de inclusão social veio com força total no atual governo, a cátedra resolveu dar uma “repaginada” na coisa. Como está “démodé” o velho discurso truculento, o “grito” agora é renovar para nada acontecer. Não está pegando bem negar a ascensão a esta gente toda. Inventaram agora que os negros fazem parte da sociedade. Esse povo que nunca se esforça o suficiente! Claro, sei que eles têm direitos desde a abolição. Mas a gente sabe que eles ficavam lá, na marginalidade, que sempre foi o lugar deles. Sempre tão conformadinhos. Volta e meia aparecia um a gritar por uma justiça qualquer. Mas sempre tinha um bom cidadão para dar um jeito neles. E tudo ia bem. Mas eis que resolvem lançar essa moda e a plebe resolveu usar. Bom, só resta à supremacia branca tentar frear esse bonde. Têm-se tentado de tudo e parece que nada está dando certo. Eles estão invadindo. A cátedra resolveu se mexer, portanto, e está atualizando os modelinhos. Inventaram, então, uma espécie de programa de inclusão para todos. O modelo da UFSM é um pouco disso. Afinal, engolir essa coisa de só negros é brabo! Os negros e seus privilégios... Já que temos que abrir para essa gente, melhor incluir os brancos pobres nisso. Afinal, melhor agüentar um branco pobre a um negro pobre. Se o infeliz ascender, ao menos será branco. Uma boa tática. O plano “B” é nos valermos da Constituição. Claro que teremos que esquecer aquela parte em que os legisladores escorregaram e resolveram admitir as políticas para inclusão social. Ninguém precisa saber disso. Citamos a tal da igualdade perante a lei e fica tudo resolvido.
Mas essa coisa de inclusão nas universidades vai adiante desses programas. Um exemplo disso são os concursos para servidores. Justíssimo. A velha e boa meritocracia. O cidadão é aprovado e pronto, está trabalhando na universidade. Que venham os melhores preparados. Aqueles que tiveram condições econômicas para tal. Como trabalhadora em uma universidade, tenho feito algumas reflexões. Uma exigência muito utilizada nos concursos para docentes é aquela que não encurta orelha, mas é o sonho de todos os catedráticos: o doutorado. Os mesmos que fazem a gritaria que são reduzidíssimas as bolsas de estudo são os que exigem esse requisito. E quem pode fazer doutorado nesse país? Aqueles que têm tempo e dinheiro para se manter enquanto estudam. Já é uma boa maneira de exclusão, não é? Isso no caso da docência. Em relação ao servidor técnico-administrativo é diferente. Geralmente não é preciso que sejam doutores. Aliás, melhor que não sejam. A docência não gosta de competição nas carreiras. Em tese funciona mais ou menos assim: direitos iguais para todos. Essa é a balela que a gente engole. De fato, o técnico-administrativo que resolver se capacitar precisa rebolar. Tem que saber os últimos passos em todos os tipos de dança. Alguém aí já fez as contas do número de técnicos que conseguiu se capacitar? Ele precisa da liberação do chefe imediato (que provavelmente é professor) e depois é só fazer a via crucis. Sinta-se a vontade, experimente. Já sei a carreira nos proporciona tudo isso. Tente.
As universidades também desenvolvem programas de extensão. Uma boa maneira de aliviar consciências. Não trazemos o sujeito aqui para dentro, mas, volta e meia, descemos até a periferia e mostramos como vivem os mais preparados. Isso quando esses projetos efetivamente trazem algum tipo de alívio a essas comunidades. Preferencialmente trazem algum francês da Sourbonne, ou qualquer coisa parecida, para dar uma palestra sobre sânscrito e geralmente cobra-se por isso. Claro, se o assistente quiser o certificado, caso contrário, o cidadão pode entrar e aproveitar. Dirão quase todos os docentes que meu ranço é descomunal. Verdade. Já disse inúmeras vezes e volto a repetir que o número de professores de uma universidade é o número de chefe que os trabalhadores técnico-administrativos têm. E cada vez que participo de reuniões de colegiado, de departamento, de CD e CONSUN tenho mais certeza disso. É óbvio, salvo as exceções que sempre legitimam a regra.
Rosane Brandão - Servidora do IAD
* O blog está à disposição, com espaço para publicação de crônicas, basta enviá-las para asufpel@gmail.com.

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